segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Bombeiros retomam buscas por corpos em Angra; mortes somam 46

Chega a 46 o número de mortes em consequência dos deslizamentos de terra ocorridos no réveillon em Angra dos Reis, no litoral sul fluminense. Os bombeiros retomaram as buscas por mais corpos às 7h desta segunda-feira (4).

Até o fim da tarde deste domingo (3), cinco corpos haviam sido encontrados, um na Enseada do Bananal, em Ilha Grande, onde 29 pessoas morreram e três ainda estão desaparecidas, e quatro no Morro da Carioca, no centro de Angra, aumentando para 17 o número de vítimas. Ali, duas crianças foram encontradas com a ajuda de cães farejadores e, no fim da tarde, os corpos de dois adultos foram retirados dos escombros com a ajuda de uma retroescavadeira.

Foi necessária a demolição de duas casas interditadas para que a máquina chegasse ao local do deslizamento. Três pessoas continuam entre os escombros, entre elas duas crianças. Por volta das 20h, os bombeiros encerraram os trabalhos devido à pouca luminosidade, mas os trabalhos recomeçam às 7h de hoje.
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Durante todo o dia e parte da noite de ontem, dezenas de moradores subiam e desciam o morro para retirar seus pertences das casas. Idosos e crianças, voluntários, bombeiros e homens da Defesa Civil ajudaram no transporte de eletrodomésticos, móveis, roupas e objetos dos moradores das casas próximas ao local do acidente.
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Moradora do Morro da Carioca há 30 anos, a professora Ana Cláudia dos Santos Pereira disse que embora sua casa não esteja interditada, todas as casas acima de sua residência devem ser demolidas pela Defesa Civil. Ela, o marido e o filho vão ficar na casa de parentes.
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"Eu não volto para cá. Vou esperar para ver? Vamos procurar uma casa para alugar. Pelo menos até passar o período de chuva, que é o mais perigoso e que deve durar uns três meses, não piso mais aqui." Ana Cláudia disse ainda que os deslizamentos são comuns em Angra, mas que nunca viu tamanha tragédia. "A gente estava em casa por volta da 1h do dia 1º. De repente, acabou a luz e só ouvimos pessoas gritando, gente chorando, porque havia perdido a família. Horrível."
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Veja onde aconteceram os deslizamentos de Angra dos Reis (RJ)
Marcação em violeta mostra região do morro da Carioca, na parte continental de Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro. Está indicada em cor de laranja a região da Pousada Sankay, na enseada do Bananal, em Ilha Grande. Nos dois locais houve mortes em consequência dos desabamentos de terra causados pelas chuvas deste início de ano

A aposentada Dalila Penha Silva teve a casa interditada pela Defesa Civil e está na casa de amigos com os filhos. Ela afirmou que quase foi soterrada na noite da tragédia. "Eu estava na casa da vizinha e ouvi o estrondo. Estava saindo para ver o que tinha acontecido, mas meu neto me puxou na hora. Infelizmente, perdemos muitos amigos

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".A casa do aposentado Aldenir Alvim Moreira está localizada na parte de baixo do morro, longe da área do acidente. Ainda assim, ele disse que todos os moradores do morro estão apreensivos por causa da temporada de chuva. "Se chover, vai ter que evacuar a área toda. Tem muita pedra para rolar ainda e se for muito grande pode passar por cima das casas lá em cima e chegar cá embaixo. Por isso, ninguém está dormindo direito. O morro está todo condenado".


Quase 1.000 pessoas desabrigadas ou desalojadas estão em escolas e abrigos da prefeitura, casas de parentes ou amigos. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que caso chova nas próximas horas, a Rodovia Rio-Santos será novamente interditada por medida de segurança.

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A Defesa Civil do Rio informou que, em todo o estado, 68 pessoas morreram.

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Desalojados

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Por ora, as cerca de 40 famílias afetadas pela tragédia na cidade do litoral sul do Estado foram colocadas em escolas e outros prédios públicos. Angra tem mais de 200 desabrigados e cerca de 550 desalojados por conta dos deslizamentos.

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Segundo ele, Angra dos Reis pedirá ao governo federal a inclusão da cidade no programa habitacional que é uma das bandeiras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que já tem cadastro de pelo menos 6.000 habitantes que precisam de moradia.

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"A ajuda de Brasília para nós seria incomensurável. Somos uma cidade pequena que até os anos 70 era basicamente turística, e que com o tempo foi incorporando as usinas nucleares e a estrutura da Petrobras. Precisamos dessa ajuda", afirmou ele, ex-secretário de habitação da cidade.

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Saques

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Os moradores da área pobre de Angra dos Reis, o morro da Carioca, não conseguem dormir tranquilos. A tragédia não sensibilizou saqueadores que entraram em casas parcialmente destruídas para furtar eletrodomésticos e pertences de pessoas desalojadas depois das chuvas do dia 1º de janeiro.



Geraldo Faraci e Sonia Iamanishi Faraci (centro), donos da pousada Sankay, são vistos no velório da filha Yumi Faraci, no Parque Renascer, cemitério e crematório, em Contagem (MG)

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Os relatos de roubo alarmaram os moradores neste domingo (3) e várias pessoas se apressaram para remover seus bens das casas próximas à clareira que se abriu com a tragédia na região. Os bombeiros e a Defesa Civil ainda fazem buscas para encontrar vítimas nessa área pobre do centro de Angra dos Reis, litoral sul do Rio de Janeiro.



"Não adianta vir prefeito e governador dizendo que a gente tem de sair daqui porque é área de risco. A gente não é burro. Mas vai deixar tudo para trás desse jeito? Não vai, não", disse Gerson Silva, 39, vendedor. "Tem gente que saiu para enterrar parente e amigo e quando voltou tinha sumido um fogão, uma televisão. Não pode dar mole nem numa hora como essa."
Fonte: Bol

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